quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Livro Diários do Vampiro - O Despertar: 8º Capítulo

Capítulo Oito

Elena tinha entrado no banheiro deslumbrada e entorpedecidamente grata. Ela saiu nervosa.
Ela não tinha muita certeza de como a transformação ocorreu. Mas enquanto ela estava lavando os arranhões em seu rosto e braços, irritada pela falta de um espelho e pelo fato de ter deixado sua bolsa no conversível de Tyler, ela começou a sentir de novo. E o que ela sentiu foi raiva.
Maldito Stefan Salvatore. Tão gelado e controlado até mesmo quando salvava sua vida. Maldito seja ele por sua educação, e por seu galanteio, e pelas paredes ao seu redor que pareciam mais grossas e altas do que nunca.
Ela puxou os grampos restantes de seu cabelo e os usou para segurar a frente de seu vestido. Então ela correu rapidamente seu cabelo solto com um pente entalhado de osso que ela encontrou na pia. Ela saiu do banheiro com seu queixo empinado e seus olhos espremidos.

Ele não tinha colocado seu casaco de volta. Ele estava de pé na janela com seu suéter branco com a cabeça arqueada, tenso, esperando. Sem levantar a cabeça, ele gesticulou para um tecido de veludo escuro espalhado na parte de trás de uma cadeira.
“Você talvez queira colocar isso sobre seu vestido.”
Era um manto enorme, muito valioso e suave, com um capuz. Elena puxou o material pesado por sobre seus ombros. Mas ela não ficou calma com o presente; ela notou que Stefan não tinha vindo nem um pouco mais perto dela, ou mesmo olhado para ela enquanto falava.
Deliberadamente, ela invadiu seu espaço territorial, puxando o manto mais apertadamente ao seu redor e se sentindo, mesmo naquele momento, uma valorização sensual do jeito que as pregas caiam sobre ela, arrastando-se atrás dela no chão.
Ela andou até ele e examinou a cômoda de mogno pesado perto da janela.
Nela estava uma adaga de aparência cruel com um punho de marfim e uma linda taça de ágata com moldura prata. Havia também uma esfera dourada com algum tipo de mostrador nela e diversas moedas de ouro soltas.
Ela pegou uma das moedas, parcialmente porque era interessante e parcialmente porque ela sabia que o aborreceria vê-la mexendo nas suas coisas. “O que é isso?”
Passou-se um momento antes que ele respondesse. Então ele disse:
“Um florin de ouro. Uma moeda florentina.”
“E o que é isso?”
“Um relógio alemão de pingente. Do final do século quinze,” ele disse distraidamente. Ele acrescentou, “Elena–”
Ela esticou a mão para um cofre de ferro com uma tampa articulada. “E quanto à isso? Isso abre?”
“Não.” Ele tinha os reflexos de um gato; sua mão bateu no cofre, segurando a tampa. “Isso é privado,” ele disse, o esforço óbvio em sua voz.
Ela notou que sua mão fez contato apenas com a tampa de ferro sinuosa e não com sua carne. Ela levantou seus dedos, e ele se retirou de uma só vez.
Repentinamente, sua raiva era grande demais para segurar por mais um momento. “Cuidado,” ela disse selvagemente. “Não me toque, ou você pode pegar uma doença.”
Ele se virou em direção à janela.
E mesmo quando ela própria se afastava, andando de volta para o centro do quarto, ela pôde sentí-lo observando seu reflexo. E ela soube, de repente, o que devia parecer para ele, um cabelo claro entornando por sobre a escuridão da capa, uma mão branca segurando o veludo perto de sua garganta. Uma princesa arruinada marchando em sua torre.
Ela inclinou sua cabeça bem para trás para olhar para o alçapão no teto, e ouviu uma suave e distinta tomada de ar. Quando ela se virou, o olhar dele estava fixado em sua garganta exposta; o olhar em seus olhos a confundiu.
Mas no momento seguinte seu rosto se endureceu, deixando-a de fora.
“Eu acho,” ele disse, “que é melhor eu levá-la para casa.”
Nesse instante, ela queria machucá-lo, fazê-lo se sentir tão ruim quando ele a fazia se sentir. Mas ela também queria a verdade. Ela estava cansada desse jogo, cansada de maquinar e conspirar e tentar ler a mente de Stefan Salvatore. Era um alívio aterrorizante e ainda assim maravilhoso ouvir sua própria voz dizendo as palavras que ela pensava há tanto tempo.
“Por que você me odeia?”
Ele a encarou. Por um momento ele não conseguiu encontrar palavras. Então ele disse, “Eu não te odeio.”
“Você odeia,” disse Elena. “Eu sei que não é... não é educado dizer isso, mas eu não ligo. Eu sei que devia estar grata a você por ter me salvo hoje à noite, mas eu não ligo para isso, também. Eu não te pedi para me salvar. Eu não sei nem mesmo porque você estava no cemitério em primeiro lugar. E eu certamente não entendo porque você o fez, considerando o que sente a meu respeito.”
Ele estava balançando sua cabeça, mas sua voz estava suave. “Eu não te odeio.”
“Desde o começo, você me evitou como se eu fosse... fosse algum tipo de leprosa. Eu tentei ser amigável com você, e você jogou isso na minha cara. É isso o que um cavalheiro faz quando alguém tenta lhe dar as boas-vindas?”
Ele estava tentando dizer alguma coisa agora, mas ela continuou, sem lhe dar ouvidos. “Você me esnobou em público uma vez atrás da outra; você me humilhou na escola. Você não estaria falando comigo agora se não tivesse sido um caso de vida ou morte. É isso que é preciso para arrancar uma palavra de você? Alguém tem que ser quase morto?
“E até mesmo agora,” ela continuou amargamente, “você não me quer perto de você. Qual é o seu problema, Stefan Salvatore, que você tem que viver desse jeito? Que você tem que construir paredes contra as pessoas para mantê-las afastadas? Que você não pode confiar em ninguém? Qual é o seu problema?”
Ele estava em silêncio agora, seu rosto virado para longe. Ela tomou um longo fôlego e então endireitou seus ombros, segurando sua cabeça para cima mesmo quando seus olhos estavam doendo e queimando. “E qual o meu problema,” ela acrescentou, mais silenciosamente, “que você não consegue nem ao menos olhar para mim, mas deixa Caroline Forbes se esfregar em você? Eu tenho direito de saber isso, pelo menos. Eu não vou incomodá-lo novamente, eu não vou nem falar com você na escola, mas eu quero saber a verdade antes de ir. Por que você me odeia tanto, Stefan?”
Lentamente, ele se virou e levantou sua cabeça. Seus olhos estavam gélidos, cegos, e algo revirou-se em Elena com a dor que viu no rosto dele.
Sua voz ainda estava controlada – mas por pouco. Ela podia ouvir o esforço que custava a ele mantê-la estável.
“Sim,” ele disse, “Eu acho que você tem o direito de saber. Elena." Ele olhou para ela então, encontrando seus olhos diretamente, e ela pensou, Tão ruim? O que poderia ser tão ruim quanto isso? “Eu não te odeio,” ele continuou, pronunciando cada palavra cuidadosamente, distintamente. “Eu nunca te odiei. Mas você... me lembra alguém.”
Elena foi pega de surpresa. O que quer que ela esperasse, não era isso. “Eu te lembro alguém que você conhece?”
“Alguém que eu conheci,” ele disse silenciosamente. “Mas,” ele acrescentou lentamente, como se isso fosse algo estarrecedor para si próprio, “você não é como ela, na verdade. Ela parecia com você, mas era frágil, delicada. Vulnerável. Tanto por dentro como por fora.”
“E eu não sou.”
Ele fez um som que teria sido uma risada se tivesse algum humor nisso. “Não. Você é uma lutadora.
Você é... você mesma.”
Ele ficou em silêncio por um momento. Ela não podia manter sua raiva, vendo a dor no rosto dele. “Você era próximo a ela?”
“Sim.”
O que aconteceu?”
Houve uma longa pausa, tão longa que Elena pensou que ele não ia respondé-la. Mas por fim ele disse, “Ela morreu.”
Elena soltou uma exalação trêmula. O restante de sua raiva se compactou e desapareceu debaixo dela. “Isso deve ter machucado terrivelmente,” ela disse suavemente, pensando na branca lápide dos Gilbert entre o centeio. “Eu sinto tanto.”
Ele não disse nada. Seu rosto fechou-se novamente, e ele pareceu estar olhando para algo distante, algo terrível e de cortar o coração que somente ele podia ver. Mas não havia só luto em sua expressão.
Através das paredes, através de seu controle trêmulo, ela podia ver o olhar torturado de culpa insuportável e solidão. Um olhar tão perdido e assombrado que ela se moveu para seu lado antes que soubesse o que estava fazendo.
“Stefan,” ela sussurrou. Ele não pareceu escutá-la; ele parecia estar ancorado em seu próprio mundo de miséria.
Ela não pôde impedir a si mesma de colocar uma mão no braço dele. “Stefan, eu sei como isso pode machucar–”
“Você não pode saber,” ele explodiu, toda a sua quietude irrompendo em fúria cega. Ele olhou para a mão dela como se acabando de perceber que estava lá, como se enfurecido pela sua insolência de tocá-lo. Seus olhos verdes estavam dilatados e escuros enquanto ele tirava a mão dela, levantando uma mão para impedí-la de tocá-lo novamente–
–e de algum modo, invés disso, ele estava segurando sua mão, seus dedos apertadamente entrelaçados com os dela, se segurando como se fosse caso de vida ou morte. Ele olhou para suas mãos entrelaçadas com perplexidade. Então, lentamente, seu olhar moveu-se de seus dedos apertados para o rosto dela.
“Elena...” ele sussurrou.
E então ela viu, a angústia despedaçando seu olhar, como se ele simplesmente não pudesse lutar mais um segundo. A derrota, a medida que as paredes finalmente cediam e ela via o que estava por baixo.
E então, desamparadamente, ele inclinou sua cabeça para os lábios dela.


“Espere – pare aqui,” disse Bonnie. “Eu pensei ter visto algo.”
O Ford surrado de Matt diminuiu a velocidade, margeando em direção ao lado da estrada, onde arbustos e moitas cresciam espessamente. Algo branco brilhava ali, vindo na direção deles.
“Oh, meu Deus,” disse Meredith. “É Vickie Bennett.”
A garota tropeçou na frente do farol dianteiro e ficou lá, acenando, enquanto Matt acertava o freio. Seu cabelo castanho claro estava embaraçado e uma desordem, e seus olhos encaravam inexpressivamente vindos de um rosto que estava manchado e sujo com terra. Ela estava usando somente uma leve e diminuta roupa branca.
“Coloquem-na no carro,” disse Matt. Meredith já estava abrindo a porta do carro. Ela pulou para fora e correu até a estupefata garota.
“Vickie, você está bem? O que aconteceu com você?”
Vickie gemeu, ainda olhando diretamente à frente. Então ela repentinamente pareceu ver Meredith, e ela a agarrou com força, afunando suas unhas nos braços de Meredith.
“Caia fora daqui,” ela disse, seus olhos cheios de uma intensidade desesperada, sua voz erstranha e grossa, como se ela tivesse algo em sua boca. “Todos vocês – caiam fora daqui! Está vindo."
“O que está vindo? Vickie, onde está Elena?”
“Caiam fora agora…”Meredith olhou para a estrada, então encaminhou a garota tremendo para a traseira do carro. “Nós te levaremos embora,” ela disse, “mas você tem que nos contar o que aconteceu. Bonnie, me dê sua manta. Ela está congelando.”
“Ela foi ferida,” disse Matt carrancudamente. “E ela está em choque ou algo assim. A pergunta é, onde estão os outros? Vickie, a Elena estava com você?”
Vickie choramingou, colocando suas mãos em cima de seu rosto enquanto Meredith colocava a manta rosa iridescente de Bonnie ao redor de seus ombros. “Não... Dick,” ela disse indistintamente. Parecia machucá-la falar. “Nós estávamos na Igreja... foi horrível. Aquilo veio... como uma neblina ao redor. Uma neblina negra. E olhos. Eu vi os olhos daquilo na escuridão, queimando. Eles me queimaram...”
“Ela está delirando,” disse Bonnie. “Ou histérica, ou como quer que se chame.”
Matt falou lenta e claramente. “Vickie, por favor, só nos diga uma coisa. Onde está Elena? O que aconteceu com ela?”
“Eu não sei.” Vickie levantou um rosto manchado de lágrimas para o céu. “Dick e eu – nós estávamos sozinhos. Nós estávamos... e então de repente aquilo estava ao nosso redor. Eu não conseguia correr. Elena disse que a tumba tinha se aberto. Talvez foi dali que aquilo saiu. Era horrível...”
“Eles estavam no cemitério, na Igreja arruinada,” Meredith interpretou. “E Elena estava com eles. E olhe para isso.” Na luz do alto, eles conseguiam ver os profundos e recentes arranhões desde o pescoço de Vickie até a renda do espartilho de sua roupa.
“Eles parecem marcas de animais,” disse Bonnie. “Como marcas das garras de um gato, talvez.”
“Nenhum gato pegou aquele velho debaixo da ponte,” disse Matt. Seu rosto estava pálido, e os músculos saltavam de sua mandíbula. Meredith seguiu seu olhar pela estrada e então balançou sua cabeça.
“Matt, nós temos que levá-la de volta primeiro. Nós temos que,” ela disse. “Me escute, eu estou tão preocupada com Elena quanto você. Mas Vickie precisa de um médico, e nós precisamos chamar a polícia. Nós não temos escolha alguma. Nós temos que voltar.”
Matt encarou a estrada por outro longo momento, então soltou a respiração num sibilo. Batendo a porta para fechá-la, ele engrenou o carro e deu a volta com ele, cada movimento violento.
Por todo o caminho de volta à cidade, Vickie gemeu sobre olhos.


Elena sentiu os lábios de Stefan encontrarem-se com os dela.
E... foi tão simples como isso. Todas as perguntas respondidas, todos os medos acalmados, todas as dúvidad removidas. O que ela sentiu não era mera paixão, mas uma ternura contundente e um amor tão forte que a fazia tremer por dentro.
Teria sido aterrorizante com sua intensidade, exceto que enquanto ela estava com ele, ela não conseguia ter medo de nada.
Ela tinha voltado para casa.
Aqui era onde ela pertencia, e por fim ela havia encontrado. Com Stefan, ela estava em casa.
Ele afastou-se ligeiramente, e ela pôde sentir que ele estava tremendo.
“Oh, Elena,” ele sussurrou contra seus lábios. “Nós não podemos–”
“Nós já fizemos,” ela sussurrou, e o puxou para baixo novamente.
Era quase como se ela pudesse ouvir seus pensamentos, sentir seus sentimentos. Prazer e desejo corriam entre os dois, conectando-os, puxando-os para mais perto. E Elena sentiu, também, uma manancial de emoções mais profundas dentro dele. Ele queria segurá-la para sempre, protegê-la de todo o mal. Ele queria defendê-la de qualquer mal que a ameaçasse. Ele queria unir sua vida com a dela.
Ela sentiu a pressão gentil dos lábios dele nos dela, e ela mal pôde suportar a doçura deles. Sim, ela pensou. Excitação ondulou por ela como ondas em um laguinho parado e claro. Ela estava se afogando nisso, tanto da alegria que ela sentia em Stefan e a onda de resposta deliciosa em si mesma. O amor de Stefan a banhava, brilhava por ela, iluminando cada lugar escuro de sua alma como o Sol. Ela tremeu com prazer, com amor, e com nostalgia.
Ele se afastou lentamente, como se não pudesse suportar se separar dela, e eles olharam nos olhos um do outro com fascinante alegria.
Eles não falaram. Não havia necessidade de palavras. Ele acariciou seu cabelo, com um toque tão leve que ela quase não o sentia, como se ele tivesse medo que ela pudesse quebrar em suas mãos. Ela soube, então, que não fora ódio que o fez evitá-la por tanto tempo. Não, não tinha sido ódio mesmo.


Elena não tinha idéia de que horas eram quando eles silenciosamente desceram as escadas da pensão. Em qualquer outra hora, ela teria ficado animada em entrar no insinuante carro preto de Stefan, mas hoje à noite ela mal notou isso. Ele segurou sua mão enquanto eles dirigiam pelas ruas desertas.
A primeira coisa qu Elena viu enquanto se aproximavam de sua casa foram as luzes.
“É a polícia,” ela disse, achando sua voz com alguma dificuldade. Era estranho falar depois de estar em silêncio por tanto tempo. “E aquele é o carro de Robert na entrada, e ali está o do Matt,” ela disse. Ela olhou para Stefan, e a paz que a havia preenchido de repente se tornou frágil. “Eu me pergunto o que aconteceu. Você não acha que o Tyler já contou à eles...?”
“Nem mesmo o Tyler seria tão estúpido,” disse Stefan.
Ele parou atrás de um dos carros da polícia, e Elena relutantemente soltou sua mão da dele. Ela desejou com todo seu coração que ela e Stefan pudessem simplesmente ficar juntos sozinhos, que eles nunca precisassem encarar o mundo.
Mas não havia o que fazer quanto a isso. Eles andaram pelo caminho até a porta, que estava aberta. Dentro, a casa estava um arroubo de luzes.
Entrando, Elena viu o que pareceu ser uma dúzia de rostos virando em sua direção. Ela teve uma visão repentina de como devia parecer, parada lá na entrada envolvida com a manta de veludo negro, com Stefan Salvatore ao seu lado. E então tia Judith soltou um grito e a estava segurando nos braços, chacoalhando-a e a abraçando de uma só vez.
"Elena! Oh, graças a Deus você está a salvo. Mas onde você esteve? E por que não ligou? Você percebe o que fez todos passarem?”
Elena encarou a sala com perplexidade. Ela não entendeu coisa alguma.
“Nós só estamos felizes de vê-la de volta,” disse Robert.
“Eu estava na pensão, com Stefan,” ela disse lentamente. “Tia Judith, esse é Stefan Salvatore; ele aluga um quarto lá. Ele me trouxe de volta."
“Obrigada,” disse tia Judith para Stefan por sobre a cabeça de Elena. Então, recuando para olhar para Elena, ela disse, “Mas o seu vestido, seu cabelo – o que aconteceu?”
“Você não sabe? Então Tyler não te contou. Mas então por que a polícia está aqui?” Elena avançou em direção à Stefan instintivamente, e então sentiu ele se mover mais perto dela em proteção.
“Eles estão aqui porque Vickie Bennett foi atacada no cemitério hoje à noite,” disse Matt. Ele e Bonnie e Meredith estavam parados atrás de tia Judith e Robert, parecendo aliviados e um pouco embaraçados e mais do que um pouco cansados. “Nós a achamos talvez duas, três atrás, e estivemos procurando por você desde então.”
“Atacada?” disse Elena, surpresa. “Atacada pelo quê?”
“Ninguém sabe,” disse Meredith.
“Bem, ora, talvez não seja nada com se preocupar,” disse Robert reconfortantemente. “O médico disse que ela tomou um bom susto, e que ela esteve bebendo. O negócio todo pode ter acontecido em sua imaginação.”
“Aqueles arranhões não são imaginários,” disse Matt, cortês mas teimosamente.
“Que arranhões? Do que vocês estão falando?” Elena exigiu, olhando de um rosto para o outro.
“Eu vou te contar,” disse Meredith, e ela explicou, sucintamente, como ela e os outros encontraram Vickie.
“Ela ficava dizendo que não sabia onde você estava, que ela estava sozinha com Dick quando aconteceu. E quando a trouxemos de volta para cá, o médico disse que não conseguia achar nada conclusivo. Ela não estava realmente machucada exceto pelos arranhões, e eles poderiam ter vindos de um gato.”
“Não havia nenhuma outra marca nela?” disse Stefan severamente. Era a primeira vez que ele falava desde que entrara na casa, e Elena olhou para ele, surpresa por seu tom.
“Não,” disse Meredith. “É claro, um gato não rasgou suas roupas – mas Dick pode ter feito. Oh, e sua língua foi mordida.”
“O quê?” disse Elena.
“Gravemente mordida, quero dizer. Deve ter sangrado um monte, e a machuca falar agora."
Ao lado de Elena, Stefan tinha ficado muito tenso. “Ela tinha alguma explicação para o que aconteceu?”
“Ela estava histérica,” Matt disse. “Realmente histérica; ela não estava fazendo sentido algum. Ela ficava tagarelando sobre olhos e neblina negra e não ser capaz de correr – que é a razão pela qual o médico acha que foi algum tipo de alucinação. Mas o que todos podem discernir, os fatos são que ela e Dick Carter estavam na Igreja arruinada no cemitério perto da meia noite, e que alguma coisa veio e a atacou lá.”
Bonnie acrescentou, “Não atacou Dick, o que pelo menos mostra que tinha bom gosto. A polícia o achou desmaiado no chão da Igreja, e ele não se lembra de nada.”
Mas Elena mal ouviu as últimas palavras. Algo estava terrivelmente errado com Stefan. Ela não podia dizer como sabia disso, mas ela sabia. Ele tinha endurecido quando Matt terminou de falar, e agora, apesar de não ter se movido, ela sentia como se uma grande distância os estivesse separando, como se ela e ele estivessem em lados opostos de uma fenda, abrindo uma banquisa.
Ele disse, em uma voz terrivelmente controlada que ela tinha escutado anteriormente em seu quarto, “Na Igreja, Matt?”
“Sim, na Igreja arruinada,” Matt disse.
“E você tem certeza que foi à meia noite?”
“Ela não conseguia ter certeza, mas deve ter sido perto disso. Nós a encontramos não muito depois.
Por quê?”
Stefan não disse nada. Elena podia sentir o abismo entre eles se alargando. “Stefan,” ela sussurrou. Então, em voz alta, ela disse desesperadamente, “Stefan, o que foi?”
Ele balançou sua cabeça. Não me deixe de fora, ela pensou, mas ele nem ao menos olhava para ela. “Ela irá viver?” ele perguntou abruptamente.
“O médico disse que não havia nada de muito errado com ela,” Matt disse. “Ninguém nem ao menos sugeriu que ela pudesse morrer.”
O aceno de Stefan foi abrupto, então ele se virou para Elena. “Eu tenho que ir,” ele disse. “Você está a salvo agora.”
Ela pegou sua mão enquanto ele se virava. “É claro que eu estou a salvo,” ela disse. “Por sua causa.”
“Sim,” ele disse. Mas não houve resposta em seus olhos. Ele estavam protegidos, foscos.
“Me ligue amanhã.” Ela apertou sua mão, tentando transmitir o que ela sentia através do escrutínio de todos aqueles olhos observadores. Ela queria que ele entendesse.
Ele olhou para suas mãos sem expressão alguma, então, lentamente, de volta à ela. E então, por fim, ele retornou a pressão aos dedos dela. “Sim, Elena,” ele sussurrou, seus olhos unindo-se aos dela. No minuto seguinte ele se fora.
Ela tomou um longo fôlego e se virou para a sala lotada. Tia Judith ainda estava pairando, seu olhar fixado no que podia ser visto do vestido arruinado de Elena por debaixo de seu manto.
“Elena,” ela disse, “o que aconteceu?” E seus olhos foram para a porta através da qual Stefan acabara de sair.
Um tipo de risada histérica agitou-se na garganta de Elena, e ela a sufocou. “Stefan não fez isso,” ela disse. “Stefan me salvou.” Ela sentiu seu rosto endurecer, e ela olhou para o policial atrás de tia Judith.
“Foi Tyler, Tyler Smallwood...”

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