segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Livro Diários do Vampiro - O Despertar: 15º Capítulo

Capítulo Quinze

Assim que ele deixou Elena em sua casa, Stefan foi à floresta.
Ele tomou a Estrada Old Creek, dirigindo debaixo das nuvens mal-humoradas – através das quais nenhum pedaço do céu podia ser visto, para o lugar onde ele tinha estacionado no primeiro dia de escola.
Deixando seu carro, ele tentou retraçar seus passos exatamente até a clareira onde tinha visto o corvo. Seus instintos de caçador o ajudaram, relembrando o formato desse arbusto e daquela raiz nodosa, até que ele ficou de pé em um lugar aberto envolvido por antigas árvores de carvalho.
Aqui. Debaixo desse cobertor de folhas marrons-sujas, alguns dos ossos de coelho podem até mesmo restar.
Tomando um longo fôlego para se aquietar, para reunir seus Poderes, ele lançou um pensamento investigador e exigente.
E pela primeira vez desde que viera para Fell’s Church, ele sentiu a vibração de uma resposta. Mas parecia fraco e vacilante, e ele não pôde localizá-lo no espaço.
Ele suspirou e se virou — e parou bruscamente.
Damon estava perante a ele, os braços cruzados sobre o peito, reclinando-se contra a maior árvore de carvalho. Ele parecia como se pudesse ter estado lá por horas.

“Então,” disse Stefan decisivamente, “é verdade. Faz muito tempo, irmão.”
“Não tanto quanto você acha, irmão.” Stefan lembrou-se daquela voz, daquela voz aveludada e irônica. “Eu fiquei de olho em você com o passar dos anos,” Damon disse calmamente. Ele deu um peteleco num pedacinho de casca de árvore da manga de sua jaqueta de couro tão casualmente como uma vez arrumara seus punhos bordados com fios de ouro. “Mas então, você não saberia disso, saberia? Ah, não, seus Poderes são tão fracos como sempre.”
“Tenha cuidado, Damon,” Stefan disse suavemente, perigosamente. “Tenha muito cuidado hoje à noite. Não estou com um humor tolerante.”
“St. Stefan está irritadinho? Imagina. Você está angustiado, presumo, por causa da minha pequena excursão no seu território. Eu só fiz isso porque queria ficar perto de você. Irmãos deveriam ficar por perto.”
“Você matou hoje à noite. E tentou me fazer pensar que eu tinha feito isso.”
“Tem certeza que não fez? Talvez fizemos isso juntos. Cuidado!” ele disse a medida em que Stefan aproximava-se dele. “Meu humor não está o mais tolerante hoje à noite, tampouco. Eu só tive um fenecido professorzinho de história; você teve uma garota bonita.”
A fúria dentro de Stefan coalesceu, parecendo se focar em um ponto brilhante em combustão, como um Sol dentro dele.
“Fique longe da Elena,” ele sussurrou com tal ameaça que Damon de fato reclinou sua cabeça ligeiramente para trás. “Fique longe dela, Damon. Eu sei que você esteve espiando-a, observando-a. Mas não mais.
Chegue perto dela de novo e irá se arrepender.”
“Você sempre foi egoísta. Sua única falha. Não está disposto a dividir nada, está?” De repente, os lábios de Damon se curvaram um sorriso estranhamente bonito. “Mas felizmente a adorável Elena é mais generosa. Ela não te contou sobre nosso romancezinho ilícito? Ora, na primeira vez que nos conhecemos ela quase se jogou em mim imediatamente.”
“Isso é mentira!”
“Ah, não, querido irmão. Eu nunca minto sobre nada relevante. Ou quero dizer irrelevante? De qualquer jeito, sua linda donzela quase desmaiou nos meus braços. Eu acho que ela gosta de homens de preto.” A medida em que Stefan encarava-o, tentando controlar sua respiração, Damon acrescentou, quase gentilmente, “Você está enganado quanto à ela, sabe. Você acha que ela é amável e dócil, como Katherine. Ela não é. Ela não é mesmo o seu tipo, meu santo irmão. Ela tem um espírito e um fogo nela que você não saberia o que fazer.”
“E você saberia, creio.”
Damon descruzou seus braços e lentamente sorriu de novo. “Ah, sim.”
Stefan queria pular nele, esmagar aquele lindo e arrogante sorriso, arregaçar a garganta de Damon. Ele disse, em uma voz mal controlada, “Você está certo sobre uma coisa. Ela é forte. Forte o bastante para combatê-lo. E agora que ela sabe o que você realmente é, ela irá. Tudo o que ela sente por você agora é nojo.”
As sobrancelhas de Damon se levantaram. “Ela sente, agora? Veremos. Talvez ela ache que a escuridão real é mais do seu gosto que um crepúsculo débil. Eu, pelo menos, posso admitir a verdade sobre a minha natureza. Mas eu me preocupo com você, irmãozinho. Você está parecendo fraco e mal-nutrido. Ela é uma tentação, não é?”
Mate-o, algo na mente de Stefan exigiu. Mate-o, quebre seu pescoço, rasgue sua garganta em pedaços sangrentos.
Mas ele sabia que Damon tinha se alimentado muito bem hoje à noite. A aura escura de seu irmão estava inchada, pulsando, quase brilhando com a essência de vida que ele tinha tomado.
“Sim, eu bebi profundamente,” Damon disse prazerosamente, como se soubesse o que estava na mente de Stefan. Ele suspirou e correu sua língua por seus lábios em uma recordação satisfeita. “Ele era pequeno, mas havia uma quantidade surpreendente de essência nele. Não era bonito como Elena, e ele certamente não cheirava tão bem. Mas é sempre estimulante sentir o sangue novo cantando dentro de você.” Damon respirou expansivamente, afastando-se da árvore e olhando ao redor. Stefan lembrou-se daqueles movimentos graciosos, também, cada gesto controlado e preciso. Os séculos tinham refinado ainda mais o eqüilíbrio natural de Damon.
“Me faz sentir vontade de fazer isso,” disse Damon, movendo-se para uma muda alguns metros de distância. Era da metade do tamanho dele, e quando ele a agarrou seus dedos não se encontaram ao redor do tronco. Mas Stefan viu a respiração rápida e o ondular de músculos debaixa da fina camisa preta de Damon, e então a árvore foi dilacerada do chão, suas raízes balançando. Stefan pôde sentir o cheiro de umidade pungente da terra perturbada.
“Eu não gostei dela lá de qualquer jeito,” disse Damon, e a atirou o mais longe possível que as raízes ainda-presas permitiram. Então ele sorriu sedutoramente. “Também me faz sentir vonta de fazer isso.”
Houve uma tremulação de movimento, e então Damon se fora. Stefan olhou ao redor mas não pôde ver sinal algum dele.
“Aqui em cima, irmão.” A voz veio de cima, e quando Stefan olhou para cima ele viu Damon empoleirado entre os galhos estendidos da árvore de carvalho. Houve um farfalhar de folhas marrons-amareladas, e ele desapareceu de novo.
“Aqui atrás, irmão.” Stefan girou com o tapa em seu ombro, somente para ver nada atrás de si. “Bem aqui, irmão.” Ele girou novamente. “Não, tente aqui.” Furioso, Stefan girou para o outro lado, tentando capturar Damon. Mas seus dedos seguraram somente ar.
Aqui, Stefan. Dessa vez a voz estava em sua mente, e o Poder dela o chacoalhou até seu núcleo. Tomava uma força enorme projetar pensamentos tão claros. Lentamente, ele se virou mais uma vez, para ver Damon de volta em sua posição original, inclinando-se contra a grande árvore de carvalho.
Mas desse vez o humor naqueles olhos negros tinham se dissipado. Eles eram pretos e
De que outra prova precisa, Stefan? Eu sou mais forte do que você como você é mais forte do que esses humanos patéticos. Eu sou mais rápido que você, também, e eu tenho outros Poderes que você dificilmente ouvir falar.
Os Poderes Antigos, Stefan. E eu não tenho medo de usá-los. Se você lutar contra mim, eu os usarei contra você.
“É por isso que você veio aqui? Para me torturar?”
Eu fui misericordioso com você, irmão. Muitas vezes eu poderia tê-lo matado, mas eu sempre poupei a sua vida. Mas dessa vez é diferente. Damon afastou-se da árvore novamente e falou em voz alta.
“Eu estou avisando-o, Stefan, não confronte comigo. Não importa porque eu vim aqui. O que eu quero agora é a Elena. E se você tentar me impedir de tê-la, eu te matarei.”
“Você pode tentar,” disse Stefan. O ponto quente de fúria dentro dele queimava mais brilhante do que nunca, derramando seu fulgor como uma galáxia inteira de estrelas. Ele sabia, de algum jeito, que isso ameaçava a escuridão de Damon.
“Você acha que eu não posso fazer isso? Você nunca aprende, não é, irmãozinho?” Stefan teve tempo o suficiente de notar a esgotada sacudida de cabeça de Damon quando houve outro borrão de movimento e ele sentiu mãos fortes o segurarem. Ele estava lutando instantaneamente, violentamente, tentando com toda sua força tirá-las de cima. Mas elas eram como mãos de aço.
Ele atacou selvagemente, tentando acertar a área vulnerável debaixo da mandíbula de Damon. Não fez bem algum; seus braços foram presos atrás de si, seu corpo imobilizado. Ele estava desamparo como um pássaro debaixo das garras de um gato mesquinho e experiente.
Ele ficou frouxo por um instante, fazendo de si mesmo um peso-morto, e então repentinamente agitou-se com todos os seus músculos, tentando se libertar, tentando surpreender. As mãos cruéis simplesmente o apertaram mais, fazendo seus esforços inúteis. Patéticos.
Você sempre foi teimoso. Talvez isso o convença. Stefan olhou no rosto pálido de seu irmão, pálido como as janelas foscas da pensão, e naqueles olhos pretos sem fundo. Então ele sentiu dedos agarrarem seu cabelo, puxarem sua cabeça para trás, exposto sua garganta.
Seus esforços redobraram, tornaram-se frenéticos. Não se incomode, veio da voz em sua cabeça, e então ele sentiu a afiada dor rasgante de dentes. Ele sentiu a humilhação e o desamparo da vítima de um caçador, do caçado, da presa. E então a dor do sangue sendo sugado contra sua vontade.
Ele se recusou a ceder, e a dor ficou pior, uma sensação de como sua alma estivesse soltando como a muda. Isso o apunhalava como lanças de fogo, concentrando suas perfurações em sua carne onde os dentes de Damon tinham se afundado. Agonia queimou sua mandíbula e bochechas e em seu peito e ombros. Ele sentiu uma onda de vertigem e percebeu que estava perdendo a consciência.
Então, abruptamente, as mãos soltaram-no e ele caiu no chão, numa cama de folhas de carvalho úmidas e mofadas. Arfando por ar, ele dolorosamente ficou de quatro.
“Veja, irmãozinho, eu sou mais forte que você. Forte o bastante para tomá-lo, tomar o seu sangue e a sua vida se assim o desejar. Deixe Elena para mim, ou eu irei.”
Stefan olhou para cima. Damon estava de pé com a cabeça jogado para trás, as pernas ligeiramente afastadas, como um conquistador colocando seu pé no pescoço do conquistado. Aqueles olhos preto-noite estavam quentes com triunfo, e o sangue de Stefan estava em seus lábios.
Ódio encheu Stefan, tanto ódio como nunca conhecera antes. Era como se todo o seu ódio anterior por Damon tivess sido uma gota d’água desse oceano crescente e espumante. Muitas vezes nos últimos séculos ele tinha se arrependido do que tinha feito ao irmão, quando ele desejara com toda sua alma mudar isso. Agora ele somente queria fazer isso de novo.
“Elena não é sua,” ele persistiu, ficando de pé, tentando não mostrar o quanto de esforço isso lhe custava. “E ela nunca será.” Concentrando-se em cada passo, colocando um pé na frente do outro, ele começou a se afastar. Seu corpo inteiro doía, e a vergonha que ele sentia era ainda maior qaue a dor física. Havia pedaços de folhas úmidas e migalhas de terra aderindo em suas roupas, mas ele não os removeu. Ele lutou para continuar se movendo, para resistir contra a fraqueza que escapava de seus membros.
Você nunca aprende, irmão.
Stefan não olhou para trás ou tentou responder. Ele cerrou seus dentes e manteve suas pernas se movendo. Outro passo. E outro passo. E outro passo.
Se ele pudesse apenas sentar-se por um momento, descansar.
Outro passo, e outro passo. O carro não poderia estar longe agora. Folhas estalavam debaixo de seus pés, e então ele ouviu folhas estalarem atrás de si.
Ele tentou se virar rapidamente, mas seus reflexos tinham quase se esgotado. E então o movimento afiado foi demais para ele.
Escuridão o encheu, encheu seu corpo e sua mente, e ele estava caindo. Ele caiu para sempre no preto da noite absoluta. E então, misericordiamente, ele não soube de mais nada.

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